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Programa de drenagem é ganho para cidade, mas também para quem busca a reeleição

Um cenário que se repete quase que anualmente é o de bairros e vilas de Santa Maria submersos a cada enchente e alagamento provocados por chuvas mais fortes. Para mudar essa realidade, é preciso dinheiro (e muito) para viabilizar formas de conter a força das águas. E em tempos de escassez e de restrições orçamentárias e dificuldades de toda ordem, esse tipo de demanda acaba sendo deixada de lado. Ou, no máximo, conta com uma que outra medida paliativa - como distribuição de lonas - às famílias atingidas, sempre depois de fortes enxurradas. Mas a gestão Pozzobom (PSDB) tem uma carta na manga: a renovação do contrato com a Corsan, que está condicionada a várias questões, e que tem garantido um reforço aos cofres da prefeitura com a criação de um fundo, ainda no ano passado.  

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Na esteira dessa nova relação, que tem altos e baixos, uma situação deve ser demarcada e pontuada como um ganho para Santa Maria: o Fundo Pró-Saneamento. Concebido em 2018, por meio de projeto de lei depois da renovação do contrato da prefeitura com a Corsan, o fundo é o grande fiador para que o tucanato coloque em prática - e também na conta em busca pela reeleição - uma série de obras por meio do chamado plano de macrodrenagem, promessa para dar fim aos alagamentos.

No radar da administração Pozzobom se trabalha com a ideia de executar, ao menos, R$ 25 milhões - de um total de R$ 48 milhões previstos - já nos próximos dois anos com obras de macrodrenagem. A primeira delas desse tipo, inclusive, foi executada nas ruas Maranhão e João Lino Pretto, ambas no Bairro Pinheiro Machado, ambos pontos de alagamentos rotineiros.

Pozzobom promete atacar e resolver esse mesmo tipo de situação em 14 pontos que historicamente têm problemas de alagamento a cada chuva mais intensa. Espera-se mesmo que a burocracia não emperre e que essas obras saiam do papel. Até porque isso representará ao fim de cenas recorrentes como móveis empilhados cobertos de lamas, famílias desalojadas, transtornos em ruas e avenidas da cidade com o alagamento que se transborda em um caos na mobilidade urbana.

Outra consequência desse plano, em dando certo, é que a prefeitura dificilmente ficará refém dos governos federal e estadual. É comum, a cada cheia, as prefeituras - e Santa Maria figura nesse espectro - buscarem a liberação de recursos na tentativa de reverter os prejuízos econômicos a cada chuva forte. Em média, União e o Executivo gaúcho levam até quatro meses para reconhecer os decretos de pedido de ajuda. Ou seja, é um tempo perdido que não se recupera. Um prejuízo, principalmente, à população e também à prefeitura que acaba sendo onerada por tamanha inércia dos demais poderes.

A gestão municipal trabalha com um cronograma dilatado, de até quatro anos, para tocar todas essas obras do plano de macrodrenagem - uma vez que haverá necessidade de várias frentes de trabalho. Porém de nada vale todo esse investimento se a prefeitura precisa, constantemente, colocar na rua um caminhão que faz a limpeza de bueiros por hidrojato. Ou seja, o mesmo cidadão que aponta o dedo para pedir providências do poder público em função dos alagamentos é aquele que, muitas vezes, descarta de forma irresponsável o lixo no chão da via e descarta móveis em sangas da cidade.

É bom que se diga que o Fundo Pró-Saneamento é uma costura toda feita pela procuradora-jurídica do município, Rossana Boeira, que tem conduzido com mão de ferro e sempre atenta às questões que envolvem a companhia e a prefeitura.

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